domingo, 24 de novembro de 2019

Como todos andavam atrás de São Francisco para confusão do mundo e graça de Deus

Quadro de São Francisco, Porziuncola
Luis Dufaur
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Estava uma vez São Francisco no convento da Porciúncula com Frei Masseo de Marignano, homem de grande santidade, discrição e graça em falar de Deus; pela qual coisa São Francisco o amava muito.

Um dia, voltando São Francisco de orar no bosque, e ao sair do bosque, o dito Frei Masseo quis experimentar-lhe a humildade.

Foi-lhe ao encontro e, a modo de gracejo, disse:

“Por que a ti? Por que a ti? Por que a ti?”

São Francisco respondeu: “Que queres dizer?”

domingo, 10 de novembro de 2019

Um ardil de Filipe Augusto

O rei Filipe Augusto recebe as chaves de Acre. Grandes Chroniques de France, Biblioteca Nacional da França, Manuscritos 2813
O rei Filipe Augusto recebe as chaves de Acre.
Grandes Chroniques de France, Biblioteca Nacional da França, Manuscritos 2813
Luis Dufaur
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Um bailio de Filipe Augusto, Rei de França, cobiçava a terra deixada por um cavaleiro morto.

Uma noite, em presença de dois carregadores que ele tinha pago, fez com que o morto fosse desenterrado, perguntou se queria vender sua terra e propôs-lhe um preço.

Naturalmente, o defunto nem se mexeu.

Quem cala, consente. Em seguida, algumas moedas foram postas em suas mãos, e o defunto recolocado em seu caixão.

Com grande espanto, a viúva viu seus domínios usurpados e se dirigiu ao rei.

Convocado, o bailio compareceu ladeado por suas duas testemunhas, que atestavam a realidade da venda.

Filipe Augusto percebeu que era trapaça. Levou para um canto um dos carregadores e lhe disse em voz baixa:

— Recita-me no ouvido o Pai-nosso.

Concluída a oração, o rei exclamou em alta voz:

— Muito bem!

O segundo carregador foi também convocado.

O bailio, então, ficou convencido de que seus companheiros denunciaram a tramóia, apressou-se a dizer o que sabia.

O bailio foi condenado.

domingo, 27 de outubro de 2019

A contagem dos pães

Luis Dufaur
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Dois homens que viajavam juntos sentaram-se à beira da estrada, para comer. Um tinha cinco pães, e o outro três. Quando colocaram diante de si a comida, passou por ali um homem e os cumprimentou. Eles o convidaram:

— Senta-te para comer conosco.

Ele se sentou e comeu com eles, consumindo-se durante a refeição os oito pães. O homem então se levantou e lhes deu oito moedas de prata, dizendo:

— Recebam este pagamento pela comida que me deram.

E continuou seu caminho.

Os dois companheiros discutiram sobre o modo de dividir entre si as moedas. O dono dos cinco pães dizia:

— Para mim são cinco moedas, e para ti três, pois isto corresponde ao número de pães que cada um de nós tinha.

— Só me conformarei com a divisão das moedas em partes iguais, pois ele recompensou a nossa hospitalidade, que tem o mesmo valor.

Não conseguiram chegar a um acordo. Por isso levaram sua pendência ao Emir Ali ben Ali-Talib, a quem expuseram o ocorrido. O Emir disse então ao dono dos três pães:

domingo, 13 de outubro de 2019

A flauta do monge inocente

Igreja de Dégagnazès
Igreja de Dégagnazès
Luis Dufaur
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Sabeis por que todos os anos multidões de peregrinos vão rezar em Dégagnazès? É que antigamente ocorreram lá as grandes coisas que eu vos contarei.

No bosque, no local em que os mercadores montam suas barracas no dia de peregrinação, havia um convento com trinta monges vestidos todos de branco.

Na realidade eram trinta e um, mas eu disse trinta, como todo mundo, porque o trigésimo primeiro não contava.

Era um mongezinho não maior que uma criança, todo corcunda e um tanto coxo, conhecido como ‘o inocente’, por causa da sua simplicidade.

domingo, 29 de setembro de 2019

O jogral da Virgem


Luis Dufaur
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Muitos peregrinos, vindos dos mais remotos confins da Cristandade, iam à romaria do Santuário de Nossa Senhora de Rocamadour.

Era gente de toda espécie, desde mendigos ou empestados até fidalgos e grandes dignitários da Igreja.

Frequentemente misturavam-se àquela turba alguns indivíduos aloucados, galhofeiros ou poetas, que tanto entoavam uma canção, acompanhando-a com qualquer instrumento, como embasbacavam o povo com malabarismos e trabalhos de saltimbancos.

domingo, 15 de setembro de 2019

Cantiga 97: “Sempre acorrer a Nossa Senhora”

Luis Dufaur
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Esta cantiga nos conta como Santa Maria protegeu da morte a um súdito do rei que havia sido caluniado.

“Nossa Senhora vem sempre nos socorrer, nos socorrer e salvar, e salvar ao coitado”.

Sobre isso, vos contarei um milagre que a Virgem fez em Cañete a um pobre servidor do rei. Os caluniadores inimizaram o rei contra ele, como eu bem sei, e queriam fazê-lo morrer.

De tal maneira o caluniavam que o rei o fez vir ante ele. E ele, com grande pesar e angústia, começou a chorar a rezou à Virgem tudo quanto podia.

Além do mais, doou à Igreja um rico pano, e se fez escravo de Nossa Senhora. Ele tinha por nome Mateus, e bem facilmente era conhecido na casa do rei.

domingo, 1 de setembro de 2019

O velho abade cruzado e o jovem traidor

Montemor o Velho, lenda do abade de Montemor, ©Rui Ornelas

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Numa fria noite de Natal, em pleno século IX, o abade Dom João de Montemor, superior de todos os abades de Portugal, regressava à sua casa depois de haver celebrado.

Ao passar por uma das igrejas que havia no caminho, ia persignar-se devotamente, quando o pranto de um menino o deixou surpreso.

Aproximou-se da porta de igreja, e viu que na entrada havia uma criatura que tremia de frio.

Com muita compaixão, tomou o menino, arrumou-o bem e o levou consigo ao seu palácio.

Grande foi a admiração de todos os familiares e serventes do abade, ao vê-lo aparecer com uma criança nos braços.

Explicou o ocorrido, e ordenou ao seu mordomo que dispusesse todo o necessário para que o menino abandonado fosse atendido devidamente.

Com efeito, tudo de que necessitava foi-lhe proporcionado. E assim foi crescendo o menino, que recebeu o nome de Garcia.

domingo, 18 de agosto de 2019

Os dois irmãos: um no Purgatório e o outro... condenado?


Luis Dufaur
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Na vila de Roma, essa nobre cidade, mestra e senhora de toda a Cristandade, havia dos irmãos de grande autoridade: um era clérigo e outro senador.

Pedro chamava-se o clérigo, pois esse era seu nome, varão sábio e nobre, do Papa cardeal. Mas, entre as qualidades tinha uma mácula: ele tinha grande avareza, um vício mortal.

Estevão era o nome do segundo irmão, entre os senadores não havia mais jovem, era muito poderoso no povo romano, mas no “prendo prendis” usava bem a mão.

Era muito cobiçoso e de muito queria se apropriar.

Falseava os julgamentos por vontade de possuir, roubava a todos os que podia roubar, prezava mais ter dinheiro que honradez.

Com falsos testemunhos seguindo seus caprichos tirou três casas oferecidas a São Lourenço, e por causa dele Santa Inês perdeu boas propriedades e uma horta que vale o ordenado de muitos senadores.

domingo, 4 de agosto de 2019

Pleito entre os frades menores e as formigas

Luis Dufaur
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Por vezes, fatos — reais ou imaginários — acontecem com tanto espírito sobrenatural que se diz serem "medievais".

É o caso do fato seguinte, acontecido no Brasil — que não teve Idade Média — narrado pelo Pe. Manuel Bernardes:

Foi o caso, conforme narrou um sacerdote dos Frades Menores da Província da Piedade, no Maranhão, que naquela capitania as formigas, que são muitas, e mui grandes e daninhas, para estenderem seu reino subterrâneo e encherem seus celeiros, de tal sorte minaram a despensa dos frades, afastando a terra debaixo dos fundamentos, que ameaçava próxima ruína.

E acrescentando delito a delito, furtavam a farinha que ali estava guardada para quotidiano uso da comunidade.

Como as turmas do inimigo eram tão bastas e incansáveis a toda hora, de dia e de noite — Parvula nam exemplo est magni formica laboris. Ore trahit quodeumque potest, atque addit acerve. Quem struit... (Hora. lib. St., 1) — vieram os religiosos a padecer falta e buscar-lhe remédio.

domingo, 21 de julho de 2019

A flor mais bela

Luis Dufaur
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Vou contar-vos uma graciosa lenda persa que exprime uma grande verdade.

Deus, assentado no trono excelso de sua glória, chamou um anjo e disse-lhe:

— Vai àquele jardim, na terra lá em baixo, e traze-me a flor mais bela que encontrares.

O anjo, mensageiro de Deus, desceu ao jardim e contemplou a variedade e a graça com que milhares de flores ali se misturavam, como um mosaico admirável.

Viu o minúsculo jasmim ao lado do grande helianto, a dália à sombra da madressilva abraçada ao oleandro; viu a margarida, a pervinca, a primavera e todas as outras belezas que erguem o seu hosana ao Criador.

Mas o seu olhar fixou-se na rainha das flores, a rosa aveludada e odorosa, e disse:

— Esta é, certamente, a flor mais bela.

Colheu-a e voou ao trono do Altíssimo.

— A rosa — disse Deus — é o símbolo do amor, doce expressão de um coração ardente.

Com a sua formosura, atrai os olhares; é suave, perfumada, delicada, mas não é a flor mais bela.

domingo, 7 de julho de 2019

Como Jesus Cristo bendito,
fez fazer-se frade um rico e gentil cavaleiro

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São Francisco, servo de Cristo, indo uma vez à tarde à casa de um grande gentil-homem poderoso, foi por ele recebido e hospedado, com o companheiro, como anjos do paraíso, com grandíssima cortesia e devoção.

Pelo que São Francisco lhe tomou grande amor, considerando que ao entrar em casa o tinha abraçado e beijado amigavelmente, e depois lhe havia lavado os pés e acendido um grande fogo e preparado a mesa com muito boas iguarias; e enquanto comiam, ele com semblante alegre os servia continuamente.

Ora, tendo acabado de comer São Francisco e o companheiro, disse este gentilhomem:

‒ “Eis, meu pai, ofereço-me a vós e as minhas coisas; quando precisardes de túnica ou de manto ou de outra coisa qualquer, comprai que eu pagarei; e vede que estou pronto a prover-vos em todas as vossas necessidades, porque pela graça de Deus eu o posso, porquanto tenho em abundância todos os bens temporais, e por amor a Deus que mos deu, eu os dou de boa vontade aos seus pobres”.

domingo, 23 de junho de 2019

O imperador e o bandido

Carlos Magno
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Carlos Magno estava uma noite dormindo em seu palácio, não longe de Frankfurt, quando viu em sonho um anjo rodeado de uma auréola brilhante de luz sobrenatural.

O anjo se colocou diante do Imperador, e o saudou com estas palavras:

— Levanta-te, grande Imperador, e escuta a voz de Deus que fala por meus lábios. É necessário que saias esta noite sem que ninguém te acompanhe, para fazer um roubo. Se queres viver, obedece.

Acordou Carlos Magno, estranhando muito o que havia visto no sonho. E adormeceu de novo com isto na cabeça. Outra vez viu o anjo, que diante dele ordenava:
— Levanta-te, ó rei, prepara-te para cumprir as ordens que te dei. É para o teu bem e salvação do Império. Deus se serve de mim para dar-te a conhecer a sua imutável vontade.

Carlos Magno acordou e ficou pensativo a respeito duas aparições, mas adormeceu de novo. O anjo do Senhor o despertou com redobrada insistência, e exigiu com energia que se levantasse e saísse para roubar.

domingo, 9 de junho de 2019

Como Frei Leão só pode dizer o contrário do que São Francisco queria

Luis Dufaur
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Estando uma vez São Francisco, no princípio da Ordem, com Frei Leão em um convento, onde não havia livro para rezar o ofício divino, ao chegar a hora de Matinas, disse São Francisco a Frei Leão:

“Caríssimo, não temos breviário, com que possamos rezar Matinas: mas, a fim de passarmos o tempo louvando a Deus, eu direi e tu me responderás como te ensinar; e toma cuidado, não digas as palavras de modo diverso do que te ensinar’.

Direi assim: ‘Õ irmão Francisco, praticaste tanto mal, tais pecados no século que és digno do inferno’; e tu, irmão Leão, responderás: ‘Verdadeira coisa é que mereces o inferno profundíssimo’

‒ E Frei Leão, com simplicidade columbina, respondeu: “Estou pronto, pai, começa em nome de Deus”.

Então São Francisco começou a dizer: “Ó irmão Francisco, praticaste tantos males e tantos pecados no século, que és digno do inferno”.

E Frei Leão respondeu:

‒ “Deus fará por ti tantos bens, que irás ao paraíso”.

domingo, 26 de maio de 2019

Ladrão! Ladrão!


Luis Dufaur
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Um mercador voltava de uma feira, onde fizera grandes negócios. Colocara numa bolsa de couro toda a sua fortuna, em belas moedas de ouro. Ia assim por vales e montes.

Chegando à cidade de Amiens, passou diante de uma igreja. Como tinha por hábito, entrou para rezar diante da Mãe de Deus e pousou a bolsa ao lado. Quando se levantou, distraiu-se e partiu sem ela.

Havia na cidade um burguês que, ele também, tinha o costume de ir rezar aos pés da bendita Virgem.

Veio ele pouco depois ajoelhar-se no lugar que o outro acabara de deixar, e encontrou a bolsa, selada e guarnecida de um pequeno fecho. Compreendeu logo que devia conter moedas de ouro.

— Meu Deus! Que devo fazer? Se mando apregoar pela cidade o que encontrei, não faltará quem o reclame contra todo o direito.

domingo, 12 de maio de 2019

A ponte do diabo de St. Guilhem-le-Désert

A ponte do diabo de St. Guilhem-le-Désert
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Na região de Hérault, perto de Saint Guilhem-le-Désert, na França, há uma magnífica ponte.

Em tempos muito antigos, os pobres habitantes de Saint-Guilhem padeciam terrível isolamento. Era impossível atravessar o rio Hérault por causa dos abismos e dos redemoinhos. Por isso, eles tinham que enfrentar perigosas e longas travessias através das florestas e das montanhas.

Um dia, um dos habitantes teve que percorrer muitas léguas para contornar o rio.

Ele jurou então que faria tudo para evitar esses desvios.

Como acontece nesses momentos de cólera, juramentos e impaciência súbita, Lúcifer anda por perto.

Disfarçado, ele se aproximou de mansinho do nosso homem e com voz melosa, disse:

‒ “Quantas voltas para vender a mercadoria!”

domingo, 28 de abril de 2019

São Francisco viu os frades que se afogavam e os que se salvavam

Luis Dufaur
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Uma vez em que São Francisco estava gravemente enfermo e Frei Leão o servia, o dito Frei Leão, estando em oração perto de São Francisco, foi arrebatado em êxtase e levado em espírito a um rio grandíssimo, largo e impetuoso.

E estando a olhar quem o atravessava, viu alguns frades carregados entrar naquele rio, os quais eram subitamente abatidos pela impetuosidade da corrente e se afogavam.

Outros iam até um terço, outros até ao meio do rio, outros ainda até à outra margem; todos no entanto, pela impetuosidade do rio e pelo peso que levavam às costas, finalmente caíam e se afogavam.

Vendo isto, Frei Leão tinha deles grande compaixão.

Mas subitamente, estando assim, eis que vem uma grande multidão de frades sem nenhuma carga ou peso de coisa nenhuma, nos quais reluzia a santa pobreza.

E entraram no rio e passaram além sem nenhum perigo.

E vendo isto, Frei Leão voltou a si. E então São Francisco, sentindo em espírito Frei tinha alguma visão chamou-o que Leão visto a si e perguntou-lhe que era o que tinha visto.

E logo que lhe disse Frei Leão, por ordem, toda a visão que tivera, disse São Francisco:

‒ “O que viste é verdade. O grande rio é este mundo; os frades que se afogavam no rio são os que não seguem a profissão evangélica e especialmente quanto à altíssima pobreza.

“Mas os que sem perigo passaram são aqueles frades que nenhuma coisa terrena nem carnal buscam nem possuem neste mundo; mas, tendo somente o viver moderado e o que vestir, estão contentes em seguir ao Cristo nu na cruz; e o peso e o jugo manso de Cristo e da santa obediência levam alegremente e voluntariamente; e assim facilmente da vida temporal passam à vida eterna”.



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domingo, 31 de março de 2019

Os gigantes de Nideck

Ruínas do castelo de Nideck
Ruínas do castelo de Nideck
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O castelo de Nideck, na Alsácia, está composto por 2 ruínas sobre um morro muito inclinado.

Esta singularidade do local e a vizinhança de uma grande cachoeira muito rumorosa tal vez tenha gerado uma lenda transmitida de pai a filho após inúmeras gerações.

Ela conta que há muitos séculos vivia no castelo de Nideck um casal de gigantes e sua “pequena” filha.

Ela ficava entediada nos imensos salões do castelo e, um dia, decidiu sair para conhecer as redondezas.

Ela vestiu de azul céu, arranjou seus cabelos para ficar bem bonita e partiu para descobrir o mundo de fora.

Com poucos passos, ela atravessou os morros e chegou até uma vasta planície que parecia deserta. Mas, lá embaixo, perto de seus pés, ela viu coisas que mexiam.

Pareciam minúsculas bonecas, entre as quais havia:

‒ uma boneca menino com bigode e um grande chapéu;

‒ uma boneca vaca que puxava uma charrete.

Maravilhada com essas bonecas que mexiam e faziam ruído, ela achou que:

domingo, 24 de março de 2019

São Luís, rei de França, com hábito de peregrino, foi visitar o santo Frei Egídio

São Luís IX, rei da França
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Indo São Luís, rei de França, em peregrinação visitar os santuários pelo mundo, e ouvindo a fama grandíssima da santidade de Frei Egídio, o qual fora dos primeiros companheiros de São Francisco, pôs no coração e determinou por tudo visitá-lo pessoalmente.

Pela qual coisa veio a Perusa, onde habitava então o dito Frei Egídio.

E chegando à porta do convento dos frades, como um pobre peregrino desconhecido com poucos companheiros, chamou com grande insistência por Frei Egídio, nada dizendo ao porteiro sobre quem fosse aquele que o chamava.

Foi, pois, o porteiro a Frei Egídio e disse-lhe que à porta havia um peregrino que o procurava: e por Deus lhe foi revelado em espírito que aquele era o rei de França.

Pelo que subitamente ele com grande fervor sai da cela e corre à porta e sem mais pergunta, ou sem que jamais tivessem estado juntos, com grandíssima devoção ajoelhando-se abraçaram-se e beijaram-se com tanta familiaridade como se há longo tempo tivessem tido grande amizade.

domingo, 17 de março de 2019

O anel do rei Santo Eduardo


Luis Dufaur
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Certo dia, o rei Santo Eduardo já velho assistia à cerimônia de consagração de uma igreja construída em honra de São João Evangelista.

Nessa hora, um homem muito pobre aproximou-se dele e mendigou-lhe uma esmola “pelo amor de São João”.

O grande monarca passou a mão na bolsa, mas não encontrou nem prata nem ouro.

Santo Eduardo, então, mandou vir seu tesoureiro, mas não foi localizado no meio da multidão. E o pobre seguia implorando esmola.

Santo Eduardo sentia-se muito mal à vontade. Nesse momento lembrou que trazia um anel grande e muito precioso.

 Então, ele o tirou do dedo, e pelo amor de São João o deu ao miserável, que lhe agradeceu gentilmente e desapareceu.

Eis o que aconteceu com o anel.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

A dama branca do castelo de Puivert


Luis Dufaur
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Por causa da beleza, real ou imaginária, de uma mulher às vezes os homens cometem os erros mais incríveis, como sugere uma antiga lenda da região de Aude, na França.

Pelo fim do século XIII, uma linda princesa aragonesa foi convidada por Jean de Bruyères, senhor de Puivert para ficar em seu magnífico castelo.

Ela adorava as colinas da paisagem e, sobretudo, meditar olhando para o lago, sentada numa rocha em forma de cadeira esculpida como por arte de magia.

Mas, uma noite de tempestades fez desbordarem os rios e a cheia do lago cobriu a cadeira.

O senhor Jean, muito gentilmente se aproximou e disse à bela:

‒ “Mas, ... mas ... eu vejo muito triste minha senhora.”