domingo, 19 de novembro de 2023

A prédica de Santo Antônio no consistório

Santo Antônio, Sevilha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O maravilhoso vaso do Espírito Santo, meu senhor Santo Antônio de Pádua, também de Lisboa, um dos discípulos escolhidos e companheiros de São Francisco, ao qual São Francisco chamava seu vigário.

Pregando uma vez em consistório diante do Papa e dos cardeais (no qual consistório havia homens de diversas nações.

Isto é, gregos, latinos, franceses, alemães, eslavos e ingleses e de outras diversas línguas do mundo).

Inflamado do Espírito Santo tão eficazmente, tão devotamente, tão sutilmente, tão docemente e tão claramente e intuitivamente expôs e falou a palavra de Deus, que todos os que estavam em consistório, conquanto usassem línguas diversas, claramente lhe entendiam as palavras distintamente como se ele tivesse falado na língua de cada um.

Santo Antônio, Ambrose Benson, catedral de Segovia
E todos estavam estupefatos e lhes parecia que se havia renovado o antigo milagre dos apóstolos no tempo de Pentecostes, os quais falavam por virtude do Espírito Santo em todas as línguas.

E diziam juntos um para o outro com admiração:

‒ “Não é de Espanha este que prega? E como ouvimos nós em seu falar o nosso idioma?”

O papa semelhantemente considerando e maravilhando-se da profundeza das palavras dele, disse:

‒ “Este é verdadeiramente arca do Testamento e armário da Escritura divina”.

Em louvor de Cristo. Amém.



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domingo, 12 de novembro de 2023

“Como Deus, fez vinho da água” (Cantiga 23)

As bodas de Caná. Gerard David (1460 — 1523), Museu do Louvre, Paris
As bodas de Caná.
Gerard David (1460 — 1523), Museu do Louvre, Paris
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Cantiga 342 & 127 do rei de Castela Alfonso X, o Sábio. Cantigas de Santa María

Esta Cantiga conta como Santa Maria mudou o vinho num tonel, por amor à boa dama da Bretanha.


“Da mesma maneira que Deus fez vinho da água nas Bodas de Caná, assim também depois Sua Mãe multiplicou bem o vinho”.

Sobre isto vos contarei um milagre que Ela fez na Bretanha, para uma dona muito sem mal, que Deus tinha dotado de bons costumes e habilidades, e que quis ficar na amizade d’Ela como um bom vizinho.

Dentre todas as bondades que essa dona tinha, sobressaía que confiava muito em Santa Maria, a qual por causa disso a impediu que passasse vergonha ante o rei que, no meio de uma viagem, parava em sua casa.

A dona, querendo servi-lo, esteve muito ocupada e deu-lhe carne e peixe, pão e cevada, mas estava muito desprovida de bom vinho e só tinha um pouquinho num pequeno barril.

Sua preocupação redobrava, porque embora ela quisesse comprar em sua região, não havia quem tivesse, nem que o vendesse por dinheiro ou por qualquer outra coisa que lhe oferecessem.

Só lhe restava implorar à Mãe do Menino Deus, e com esta esperança foi até a igreja e disse:

“Ai, Santa Maria, pela vossa misericórdia fazei-me sair de uma vergonha tão grande, porque não poderei mais me vestir nem com lã nem com linho”.

De imediato sua oração foi ouvida, e ao rei com toda sua companhia foi servido um bom vinho, e na adega não faltou porque acharam em abundância, tanto para o mais rico quanto para o mais pobre.






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domingo, 5 de novembro de 2023

Rico sem trabalhar

O tesouro do castelo de Hohenstein
O tesouro do castelo de Hohenstein
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Ainda sobram umas ruínas do castelo de Hohenstein, na Alemanha.

Elas não dão ideia da grandeza daquela cidadela medieval, e da riqueza de seu senhor.

Mas, em volta dela, corre ma lenda. Ela conta que:

“Há já muito tempo, naquela densa floresta, um lenhador trabalhava duramente perto da cidadela.

“O lenhador, entretanto, acariciava um sonho. Ele até falava em alta voz, quando ninguém o ouvia:

‒ “Que tal ficar rico sem trabalhar? Uma sorte, um inesperado, e a gente acha um tesouro. Ah! Nunca mais trabalhar... que bom!

“O diabo que andava por ali perto pegou a coisa no ar e aprontou uma das dele.

“Quando os últimos raios de sol desapareceram por trás da colina, o lenhador parou seu serviço e pegou o caminho de volta.

“O demônio tinha ali montado uma arapuca.

“Como de pura sorte o lenhador julgou perceber entre as ruínas do castelo uma curiosa pilha de materiais transparentes e desconhecidos.

“Pareciam com asas de besouros, insetos que havia em grande quantidade naquele bosque.

“Ele achou estranho, mas ele estava certo que ninguém acreditaria se contava ter achado isso.

Ruínas do castelo de Hohenstein
Ruínas do castelo de Hohenstein
“De fato, os besouros não se reúnem nesse número para morrerem juntos.

“Ele, então coletou a mancheia essa estranha matéria e a colocou delicadamente na sua bolsa.

“Mas, eis que se afastando das ruínas, a matéria começou a pesar cada vez mais.

“Sem dúvida, a fadiga de uma jornada particularmente difícil e longa fazia sentir seus efeitos.

“Ele já não conseguia caminhar mais com aquele peso todo. Não podia mais!

“Se livrar desse peso tornou-se sua maior preocupação.

“Perto do fosso da antiga muralha, ele jogou todo o conteúdo de sua bolsa.

“Nessa hora, em lugar de asas de besouro caíram belas moedas de oro que sumiram entre as pedras e as fendas do fosso.

“Os olhos do lenhador abriram-se enormes, ele estava fascinado pela descoberta!

“Ouro! Rico... riquíssimo... sem trabalhar... por um simples acaso... um mero achado...!

“Ele tentou tudo o que podia para recuperar as moedas, remexeu a terra, levantou as pedras, arrancou o capim...

Ruínas do castelo de Hohenstein
“Mas tudo foi em vão! As moedas se escondiam entre as ruínas do castelo.

“Ele então lembrou aquela pilha esquisita ao lado do caminho e voltou.

“Ele ficaria rico... para sempre... moedas de ouro.... muitas moedas... muito ouro...

“Ele voltou a procurar as asas de besouro. Mas, ... não ficava nada.

“Tudo havia desaparecido.

“Ele não quis acreditar.

“O sonho dele era mais forte do que tudo.

“Começou a procurar, procurar, procurar...

“Desde aquele dia, quando a noite começa a descer perto das ruínas fantasmais do castelo, os passeantes perdidos contam que uma figura estranha remexe o fosso da velha praça forte.

“Eles não sabem, mas é o lenhador que sonhava de olhos abertos em ficar rico sem trabalhar e que há séculos escava as ruínas à procura de seu cobiçado tesouro.”





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