domingo, 26 de fevereiro de 2023

“Sem calar nem tardar” (Cantiga 380)

“Sem calar nem tardar”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Esta Cantiga é em louvor de Santa Maria.

Sem calar nem tardar, todos os homens devem louvar a Virgem Maria.

Porque Ela não tarda a nos libertar da prisão dos nossos pecados; onde fomos cair pelo mal de Eva.

Mais ainda, Ela nos limpa do pecado, alimentando nossas almas para crescermos e chegar até o trono de Deus.

E para que possamos amar melhor os outros, devemos render a Ela ainda mais tributo.

Procedamos ao longo da vida sob seu olhar vigilante, que sempre está querendo o bem para nós.

E sentiremos sua poderosa ira quando alguém se atreve a misturar o piedoso com o profano, ofendendo ao Todo-Poderoso.

Àqueles de nós que pertencemos a Ela, Ela afasta bem longe das tentações do mal.

Porque Ela é a Mãe de Deus, que nos ajuda quando nos afastamos d’Ele e por tolice tentamos fazer o mal ao nosso próximo.

Então somos atraídos de volta para Ela, e por Ela nos são perdoados os erros que fazemos todos os dias.

Nós temos muita razão para louvá-la, porque Deus A fez melhor do que tudo o que existe nesta terra. Sem dúvida, Ela não tem par.

E quem pode dizer quão grande será a nossa recompensa quando cantamos seus elogios tão facilmente como o trovador que canta quando lhe agrada?

Assim confirmo que nunca deixarei de pedir a sua bênção.

Rezo para que em seu serviço Ela vá me dar o lugar onde eu quero estar, para que eu possa exaltar e cantar os louvores das virtudes de Maria.


“Sem calar nem tardar”





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domingo, 12 de fevereiro de 2023

O noivo do outro mundo

A despedida, quadro de Augusto Ferrer-Dalmau
A despedida, quadro de Augusto Ferrer-Dalmau
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Na cidade navarra de Aranaz vivia uma bela moça que ia se casar com um jovem trabalhador e honesto, vizinho da mesma aldeia.

Os dois se amavam ternamente desde crianças, e sendo essas relações do agrado dos pais, logo marcaram a data do casamento para o outono seguinte, quando estaria terminada a colheita.

Mas o jovem foi convocado para a guerra. Despediu-se da namorada com muita emoção e, triste e abatido, partiu para alistar-se no seu batalhão, que marchava para o combate.

Ele participou de várias batalhas, mostrando grande heroísmo, e logo foi designado para uma força de choque.

Essa sitiou uma cidade inimiga e, como não se rendeu, tiveram que atacar após um longo cerco.

Houve um combate sangrento, corpo a corpo, e finalmente a praça caiu nas mãos das forças atacantes, o chefe dando a ordem de “saquear livremente”.

Todos os soldados correram para revistar as casas, apreendendo todos os objetos que encontraram.

O soldado navarro tornou-se proprietário de um cálice e outros objetos de grande valor, guardando-os no maior segredo e enterrando-os debaixo de uma rocha, para os levar de volta à cidade quando retornasse.

O tempo passou e ele continuou a entrar em combates, livrando-se, com grande fortuna, de todos os perigos.

Mas em um ataque feroz, ele recebeu uma bala no coração e o namorado de Aranaz foi deixado morto no campo de batalha.

Aranaz, a cidade onde se conta a lenda
Aranaz, a cidade onde se conta a lenda
Enquanto isso, em sua cidade, a moça, que não havia recebido notícias do noivo e já cansada de esperá-lo, aceitou um novo pretendente que se apresentou a ela e casou-se com ele em pouquíssimo tempo.

A mulher estava angustiada desde que se casou, com grande pesar por ter feito isso, porque todas as noites seu antigo namorado aparecia para ela vindo do outro mundo.

Por causa de seu terror, ela não ousou perguntar nada a ele, nem a aparição falou com ela.

Assim passaram dias e dias de profunda angústia sem que ela ousasse contar a ninguém e sem saber o que fazer para se livrar daquela aparição que lhe estava tirando a tranquilidade e a vida.

Sua cor estava desaparecendo e sua saúde estava piorando.

Por fim resolveu procurar um remédio e consultou o frade de Bera, que tinha grande fama de sábio.

A mulher contou ao frade as misteriosas aparições de seu ex-namorado do outro mundo.

Não podia entrar no Céu enquanto o Cálice roubado não fosse devolvido
Não podia entrar no Céu enquanto o Cálice roubado não fosse devolvido
E o frade aconselhou-a a controlar o pânico e, fingindo estar o mais calma possível, dizer-lhe, quando aparecesse, usando o nome familiar: “Se vens de boa, diz o que queres; se for ruim, afunda no abismo”.

A mulher voltou para sua cidade, repetindo a frase pelo caminho, e uma vez em sua casa, ela esperou calmamente que ele aparecesse.

Ela começou a andar pela casa e o noivo logo apareceu diante dela.

Ela, controlando-se, soube falar: “Se és do bom partido, fala; se não, afunda”.

Ele, com uma voz de além-túmulo, respondeu:

“Eu sou bom e estou no céu.

“Mas Deus ordenou-me que voltasse à terra, porque roubei um cálice que enterrei debaixo de uma rocha.

“E só posso entrar no Céu quando o restitua.

“Por Deus, te peço que o devolvas”. E no momento desapareceu.

A mulher foi referir ao frade a resposta da aparição, e com a ajuda dele conseguiu achar o cálice e devolvê-lo, recuperando assim a paz de espírito e a saúde.