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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Como escondida nas escarpadas montanhas dos Picos de Europa, nas Astúrias, no norte da Espanha, acha-se a Caverna Sagrada de Covadonga, um lugar rico em história e significado religioso.
Este santuário católico asturiano é tanto um destino espiritual quanto um símbolo da resiliência histórica da Espanha.
A caverna está associada ao esforço cristão dos primórdios da Reconquista, para recuperar terras do domínio muçulmano. Desde um remoto fato heroico e milagroso tornou-se um local de peregrinação para fiéis e um destino de pesquisa para aficionados por história.
As origens da caverna como local de culto são lendárias.
Tradições cristãs locais afirmam que Pelágio (o famoso Don Pelayo, não confundir com o herege britânico de mesmo nome), um nobre visigodo e futuro líder da Reconquista, perseguiu um criminoso até uma caverna nos Picos de Europa.
Ao chegar lá, ele encontrou um eremita orando à Virgem Maria.
O eremita pediu a Pelágio que poupasse a vida do homem, pois ele havia buscado a proteção da Virgem.
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Milagrosamente Don Pelayo derrota os muçulmano. Pintura de Augusto Ferrer Dalmau |
Essa profecia se cumpriu durante a Batalha de Covadonga, em 718, quando Pelágio e seu pequeno grupo de combatentes enfrentaram desafiadoramente as forças muçulmanas.
Segundo crônicas muçulmanas, Pelágio e seus homens se esconderam na caverna e sobreviveram graças ao mel encontrado nas fendas da rocha.
Os relatos cristãos enfatizam a intervenção milagrosa da Virgem Maria, cuja proteção foi considerada a chave para uma improvável vitória.
Isso marcou o início da Reconquista, um momento decisivo na história espanhola.
Após a vitória, o Rei Afonso I das Astúrias homenageou a Virgem Maria construindo uma capela na caverna.
Dedicado a Nossa Senhora de Covadonga (nome derivado de cova domnica, "Gruta de Nossa Senhora") — carinhosamente chamada de La Santina — o santuário tornou-se um importante local para peregrinos cristãos.
A Caverna Sagrada também abrigava altares dedicados a São João Batista e Santo André, e foi confiada a monges beneditinos.
A estátua mariana original foi perdida em um incêndio em 1777, mas uma imagem de madeira da Virgem com o Menino, do século XVI, doada pela Catedral de Oviedo, tomou seu lugar e permanece lá até hoje.
No século XIX, o Bispo Benito Sanz y Forés liderou os esforços de restauração da Gruta Sagrada, culminando na construção de uma nova capela em estilo românico.
O arquiteto Luis Menéndez-Pidal projetou a estrutura atual, inaugurada em 1874.
A estátua da Virgem desapareceu brevemente durante a Guerra Civil Espanhola e foi encontrada na embaixada espanhola na França em 1939.