Mostrando postagens com marcador muçulmanos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador muçulmanos. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de setembro de 2025

O ermitão de Covadonga

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Como escondida nas escarpadas montanhas dos Picos de Europa, nas Astúrias, no norte da Espanha, acha-se a Caverna Sagrada de Covadonga, um lugar rico em história e significado religioso.

Este santuário católico asturiano é tanto um destino espiritual quanto um símbolo da resiliência histórica da Espanha.

A caverna está associada ao esforço cristão dos primórdios da Reconquista, para recuperar terras do domínio muçulmano. Desde um remoto fato heroico e milagroso tornou-se um local de peregrinação para fiéis e um destino de pesquisa para aficionados por história.

As origens da caverna como local de culto são lendárias.

Tradições cristãs locais afirmam que Pelágio (o famoso Don Pelayo, não confundir com o herege britânico de mesmo nome), um nobre visigodo e futuro líder da Reconquista, perseguiu um criminoso até uma caverna nos Picos de Europa.

Ao chegar lá, ele encontrou um eremita orando à Virgem Maria.

O eremita pediu a Pelágio que poupasse a vida do homem, pois ele havia buscado a proteção da Virgem.

Milagrosamente Don Pelayo derrota os muçulmano. Pintura de Augusto Ferrer Dalmau
Milagrosamente Don Pelayo derrota os muçulmano. 
Pintura de Augusto Ferrer Dalmau
Ele também previu que Pelágio um dia se refugiaria na mesma caverna.

Essa profecia se cumpriu durante a Batalha de Covadonga, em 718, quando Pelágio e seu pequeno grupo de combatentes enfrentaram desafiadoramente as forças muçulmanas.

Segundo crônicas muçulmanas, Pelágio e seus homens se esconderam na caverna e sobreviveram graças ao mel encontrado nas fendas da rocha.

Os relatos cristãos enfatizam a intervenção milagrosa da Virgem Maria, cuja proteção foi considerada a chave para uma improvável vitória.

Isso marcou o início da Reconquista, um momento decisivo na história espanhola.

Após a vitória, o Rei Afonso I das Astúrias homenageou a Virgem Maria construindo uma capela na caverna.

Dedicado a Nossa Senhora de Covadonga (nome derivado de cova domnica, "Gruta de Nossa Senhora") — carinhosamente chamada de La Santina — o santuário tornou-se um importante local para peregrinos cristãos.

A Caverna Sagrada também abrigava altares dedicados a São João Batista e Santo André, e foi confiada a monges beneditinos.

A estátua mariana original foi perdida em um incêndio em 1777, mas uma imagem de madeira da Virgem com o Menino, do século XVI, doada pela Catedral de Oviedo, tomou seu lugar e permanece lá até hoje.

No século XIX, o Bispo Benito Sanz y Forés liderou os esforços de restauração da Gruta Sagrada, culminando na construção de uma nova capela em estilo românico.

O arquiteto Luis Menéndez-Pidal projetou a estrutura atual, inaugurada em 1874.

A estátua da Virgem desapareceu brevemente durante a Guerra Civil Espanhola e foi encontrada na embaixada espanhola na França em 1939.




Fonte: Aleteia