domingo, 16 de outubro de 2022

O mistério do castelo de Löwenstein

O mistério do castelo de Loewenstein, afinal não era tão complicado como parecia.
O mistério do castelo de Loewenstein, afinal não era tão complicado como parecia.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Na Idade Média vários castelos foram refúgio de bandidos.

Eis um dos que devastavam a Alsácia a partir do castelo de Löwenstein.

Ele ficou conhecido como o “Lindenschmitt”.

Por volta de 1380, um cavaleiro desafortunado e sem terra apoderou-se pela força do castelo de Löwenstein, pertencente à família Ochsenstein.

Para sobreviver, o cavaleiro, acompanhado por um bando de degoladores, sequestrava todos os viajantes e aqueles que circulavam pelo seu território.

Para fazer cessar as pilhagens e devolver a calma à região, formou-se um exército contra ele.

Os cavaleiros perseguiram e prenderam cada um dos malfeitores.

Mas, curiosamente, o chefe era impossível de ser achado.

Foram trazidos cães farejadores que seguiam as marcas deixadas pelo seu cavalo, mas eles não conseguiam descobrir a direção que tinha tomado.

Alguém disse que ele desaparecia dentro de uma pedra. Outro achava que se evaporava como uma nuvem.

Assim nasceu a lenda do cavaleiro.

O chefe dos criminosos fugia e ninguém sabia para onde tinha ido
O chefe dos criminosos fugia e ninguém sabia para onde tinha ido
Evidentemente, as discussões nas aldeias pegaram fogo.

— Alguns acharam que o cavaleiro tinha feito pacto com Satanás.

— Outros garantiam de fonte segura que ele era um fantasma.

Mas durante séculos ninguém soube a verdade.

O castelo foi amaldiçoado e a região ficou isolada do resto do mundo.

Mas hoje se conhece o que aconteceu.

Após muitos anos pesquisando no terreno, lendo escritos em bibliotecas poeirentas, consultando os bruxos, religiosos e druidas, se pode saber que:

Esse cavaleiro tinha um nome legendário: o “Lindenschmitt”.

Mas esse nome significa “o ferreiro que ferrava ao revés”.

Eis o segredo das desaparições: as marcas iam ao sentido inverso à direção que ele tinha tomado!




CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS ORAÇÕES CIDADE SIMBOLOS
AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

domingo, 9 de outubro de 2022

O vinho derramado

Castelinho de Carrouges, Normandia, França.
Castelinho de Carrouges, Normandia, França.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Havia na Normandia um fidalgo bastante pobre, que só podia dispor de umas poucas moedas para comprar diariamente seu alimento.

Uma certa manhã, verificou que só tinha em casa um pão, e decidiu comprar um pouco de vinho com algumas moedas de pouco valor. Foi à taberna próxima e pediu vinho.

O taberneiro, que era um homem grosseiro e desagradável, serviu-lhe de má vontade um copo de vinho.

Colocou-o na mesa tão bruscamente, que derramou quase a metade. Em vez de desculpar-se, disse com insolência:

“O senhor está com sorte. O vinho derramado significa alegria e riquezas”.

O fidalgo não quis protestar contra aquele mal educado, pois seria trabalho perdido. Mas achou que de algum modo deveria ajustar essas contas, e pediu que o taberneiro lhe trouxesse um pedaço de queijo.

O homem apanhou a moeda bruscamente e foi ao andar de cima buscar o queijo.

Enquanto isso o fidalgo levantou-se, abriu a torneira do tonel de vinho e deixou que ele escoasse livremente, formando uma lagoa vermelha no meio da taberna.

Quando o taberneiro voltou e viu o que acontecera, avançou furiosamente sobre o fidalgo.

Este se defendeu e conseguiu lançá-lo de encontro ao tonel, que caiu ao chão junto com seu dono, entornando o que restava do vinho.

Taverna, Provins, França.
Taverna, Provins, França.
Acudiram vizinhos e soldados, separaram os contendores e os levaram junto ao rei.

O taberneiro falou primeiro e pediu uma indenização.

Antes de dar a sentença, o rei quis ouvir também o fidalgo, que narrou o sucedido com toda a veracidade, e acrescentou:

“Senhor, este homem me disse, quando entornou a metade do vinho que me vendera, que isso era sorte minha, pois vinho derramado significa alegria, e que eu me tornaria rico.

“Pensei então que, se eu me tornaria rico por ter derramado só meio copo de vinho, o bom taberneiro se tornaria muito mais rico e feliz se derramasse meio tonel.

“Cheio de reconhecimento e gratidão, resolvi então abrir a torneira do tonel, e o resto já conheceis”.

O rei e toda a corte se divertiram com a engenhosa justificativa, e o fidalgo foi dispensado sem pagar a pretendida indenização.





(Jakes de Basin, in R. Menéndez Pidal, Antología de cuentos – Labor, Barcelona, 1953)



CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS ORAÇÕES CIDADE SIMBOLOS
AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS