domingo, 29 de setembro de 2019

O jogral da Virgem


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Muitos peregrinos, vindos dos mais remotos confins da Cristandade, iam à romaria do Santuário de Nossa Senhora de Rocamadour.

Era gente de toda espécie, desde mendigos ou empestados até fidalgos e grandes dignitários da Igreja.

Frequentemente misturavam-se àquela turba alguns indivíduos aloucados, galhofeiros ou poetas, que tanto entoavam uma canção, acompanhando-a com qualquer instrumento, como embasbacavam o povo com malabarismos e trabalhos de saltimbancos.

domingo, 15 de setembro de 2019

Cantiga 97: “Sempre acorrer a Nossa Senhora”

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Esta cantiga nos conta como Santa Maria protegeu da morte a um súdito do rei que havia sido caluniado.

“Nossa Senhora vem sempre nos socorrer, nos socorrer e salvar, e salvar ao coitado”.

Sobre isso, vos contarei um milagre que a Virgem fez em Cañete a um pobre servidor do rei. Os caluniadores inimizaram o rei contra ele, como eu bem sei, e queriam fazê-lo morrer.

De tal maneira o caluniavam que o rei o fez vir ante ele. E ele, com grande pesar e angústia, começou a chorar a rezou à Virgem tudo quanto podia.

Além do mais, doou à Igreja um rico pano, e se fez escravo de Nossa Senhora. Ele tinha por nome Mateus, e bem facilmente era conhecido na casa do rei.

domingo, 1 de setembro de 2019

O velho abade cruzado e o jovem traidor

Montemor o Velho, lenda do abade de Montemor, ©Rui Ornelas

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Numa fria noite de Natal, em pleno século IX, o abade Dom João de Montemor, superior de todos os abades de Portugal, regressava à sua casa depois de haver celebrado.

Ao passar por uma das igrejas que havia no caminho, ia persignar-se devotamente, quando o pranto de um menino o deixou surpreso.

Aproximou-se da porta de igreja, e viu que na entrada havia uma criatura que tremia de frio.

Com muita compaixão, tomou o menino, arrumou-o bem e o levou consigo ao seu palácio.

Grande foi a admiração de todos os familiares e serventes do abade, ao vê-lo aparecer com uma criança nos braços.

Explicou o ocorrido, e ordenou ao seu mordomo que dispusesse todo o necessário para que o menino abandonado fosse atendido devidamente.

Com efeito, tudo de que necessitava foi-lhe proporcionado. E assim foi crescendo o menino, que recebeu o nome de Garcia.