domingo, 19 de agosto de 2018

Como São Pedro e São Paulo apareceram a São Francisco e Frei Masseo que pediam a santa pobreza

São Francisco de Assis, Berto di Giovanni di Marco (1475-1529), Walters Art Museum.
São Francisco de Assis,
Berto di Giovanni di Marco (1475-1529), Walters Art Museum.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O maravilhoso servo e seguidor de Cristo, isto é, monsior São Francisco, para se conformar perfeitamente com Cristo em todas as coisas, o qual, segundo o que diz o Evangelho, mandou os discípulos dois a dois a todas aquelas cidades e regiões aonde devia ir.

Depois que, a exemplo de Cristo, reunira doze companheiros, os enviou pelo mundo a pregar dois a dois.

E, para lhes dar o exemplo de verdadeira obediência, começou ele primeiramente a ir a exemplo de Cristo, o qual começou primeiramente a fazer do que a ensinar.

Pelo que, tendo designado aos companheiros as outras partes do mundo, ele, tomando Frei Masseo por seu companheiro, seguiu para a província da França.

E chegando um dia, com muita fome, a uma cidade, andaram, segundo a Regra, mendigando pão pelo amor de Deus; e São Francisco foi por uma parte e Frei Masseo por outra.

Mas, por ser São Francisco um homem muito desprezível e pequeno de corpo e por isso reputado um vil pobrezinho por quem não o conhecia, só recolheu algumas côdeas e pedacinhos de pão seco.

domingo, 5 de agosto de 2018

O jogral no inferno


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Em Sens, na França, havia um jogral incapaz de fazer mal a uma criança, mas que levava a vida mais desordenada que se possa imaginar.

Passava as horas e os dias na taberna, nas praças ou em lugares piores.

Ganhava algum dinheiro cantando e tocando seu instrumento, mas logo corria à procura de quem estivesse disposto a jogar, e perdia até a camisa do corpo.

Quando não tinha dinheiro, empenhava até sua viola para obtê-lo, e esse também se evaporava, porque de fato a sorte nunca o ajudava.

Por isso sempre vestia roupas maltrapilhas, andava descalço e sem dinheiro. Mas estava sempre contente, sorria sempre e cantava sem cessar.

Só pedia a Deus que convertesse todos os dias da semana em Domingo.

Acabou morrendo. Um diabo novinho, que ainda não fizera sua estreia no serviço de levar almas para seu patrão, e que durante o mês anterior percorrera vilas e campo à procura de oportunidade para cumprir suas incumbências, coincidiu de passar por ali no momento em que o jogral expirava, e se apoderou da sua alma. Colocou-a nos ombros e se mandou para o inferno.

Chegou na hora da chamada. Lúcifer estava no seu trono.

À medida que chegavam, os demônios depositavam aos pés do patrão a caça que haviam conseguido durante o dia. Um trazia um ladrão, outro trazia um guerreiro morto em combate, outros traziam bispos, monges, camponeses, burgueses, etc.