domingo, 12 de maio de 2019

A ponte do diabo de St. Guilhem-le-Désert

A ponte do diabo de St. Guilhem-le-Désert
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na região de Hérault, perto de Saint Guilhem-le-Désert, na França, há uma magnífica ponte.

Em tempos muito antigos, os pobres habitantes de Saint-Guilhem padeciam terrível isolamento. Era impossível atravessar o rio Hérault por causa dos abismos e dos redemoinhos. Por isso, eles tinham que enfrentar perigosas e longas travessias através das florestas e das montanhas.

Um dia, um dos habitantes teve que percorrer muitas léguas para contornar o rio.

Ele jurou então que faria tudo para evitar esses desvios.

Como acontece nesses momentos de cólera, juramentos e impaciência súbita, Lúcifer anda por perto.

Disfarçado, ele se aproximou de mansinho do nosso homem e com voz melosa, disse:

‒ “Quantas voltas para vender a mercadoria!”



“Tal vez eu possa ter a solução”
‒ “Ah, é! Eu faria qualquer coisa para evitar essas léguas feitas a pé...” bradou o homem cheio de raiva.

‒ “Tal vez eu possa ter a solução...”, insinuou Belzebu.

‒ “E... o que é que você quer em troca, estrangeiro?...”

‒ “Bem, como sempre... tua alma!” soprou o diabo junto com um bafo de enxofre.

‒ “Escuta... a alma de minha sogra não te parece suficiente?...” negociou o homem.

‒ “Bom, a alma de uma mulher vale também... e até mais”, uivou o diabo.

‒ “Muito bem, eu vou trazê-la amanhã, mas com a condição de que a ponte seja bela, larga, elegante e esteja terminada em 24 horas...”

A ponte do diabo sobre o rio Hérault
O homem achava que estava sendo mais esperto que o próprio Maligno.

‒ “Bom, até amanhã, bom homem. A primeira pessoa que atravessar a ponte será minha por...”, mas ele não teve tempo de concluir a frase de tal maneira estava apressado querendo voltar aos infernos e procurar algum plano de construção.

A ponte de incrível engenharia foi construída numa noite.

Porém, pela manhã ninguém criava coragem para atravessá-la.

Pois, durante a noite nosso homem teve uma idéia. Em lugar de sacrificar sua sogra, ele mandou atravessar a ponte a... um gato.

O coitado do animal foi sacrificado pelo bem da comunidade.

Satanás perdeu a cabeça de cólera. Ele uivava de ódio e gesticulava de modos apavorantes.

Ele mergulhou como um louco no meio de um redemoinho.

O pároco de Saint-Guilhem então teve que jogar água benta no local.

E, desde aquela época, Lúcifer tenta em vão sair do sorvedouro.

Mas, hoje são poucas as pessoas que cruzam o rio por essa antiga ponte.

Pois todos sabem que um belo dia o diabo pode sair à superfície e reclamar o pagamento de sua obra.



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