domingo, 17 de julho de 2022

O gigante da catedral de Lund

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Em Zchonen, cidade universitária e primeiro arcebispado da Escandinávia, ergue-se formosa catedral romana.

Debaixo do coro, abre-se grande e bela cripta.

Dizem todos que a igreja nunca será terminada, que sempre faltará alguma coisa, e que o motivo é este:

Quando São Lourenço chegou a Lund, a fim de pregar o Catolicismo, desejou construir uma igreja, mas carecia dos meios necessários e não sabia onde arranjá-los.

Pensando constantemente no seu objetivo, teve um dia a surpresa de ver na sua frente um gigante, que se ofereceu para em pouco tempo erguer o templo, contanto que São Lourenço adivinhasse o seu nome antes do fim.

Se não o conseguisse, o gigante receberia como prêmio da aposta o Sol, a Lua ou os olhos do santo.

Este, confiando em Nossa Senhora, não teve o menor receio e aceitou a imposição.

Iniciou-se a construção, e dentro em pouco o templo estava quase pronto.

São Lourenço, pensando tristemente em como descobrir o nome do gigante, pois evidentemente não queria de maneira nenhuma desfazer-se dos seus olhos, tão necessários para a glória de Deus.

Um dia, percorrendo as ruas da cidade, sentiu-se cansado e resolveu sentar-se na encosta de uma colina.

Do interior da colina chamou-lhe a atenção o pranto de uma criança e a voz de uma mulher que cantava:

— Durma bem, durma bem, filhinho meu, que amanhã regressa o bom Finn, seu pai, e você brincará com o Sol ou a Lua, ou então com os olhos de Lourenço.

O santo, ouvindo aquilo, alegrou-se imensamente. Sabia, por fim, o nome do gigante.

Imediatamente voltou para a igreja, e viu o gigante sentado já no teto, preparando-se para colocar a última pedra.

Gritou-lhe:

— Ó Finn, coloque bem a última pedra!

O gigante, enfurecido, atirou a pedra para longe, afirmando que a igreja jamais ficaria terminada, e desapareceu.

A partir daquele dia, falta na igreja sempre alguma coisa.




(A. Della Nina, "Enciclopédia Universal da Fábula": Contos da Suécia - Editora das Américas, SP, 1957)


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