Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
São Francisco, querendo humilhar Frei Masseo, a fim de que, pelos muitos dons e graças que Deus lhe dava, não chegasse à vanglória, mas pela virtude da humildade crescesse de virtude em virtude, numa ocasião em que ele vivia em um convento solitário com aqueles seus primeiros companheiros verdadeiramente santos, dos quais um era Frei Masseo, disse um dia a Frei Masseo diante de todos os companheiros:
– “O Frei Masseo, todos estes teus companheiros têm a graça da contemplação e da oração; mas tu possuís a graça da pregação da palavra de Deus, para satisfazer o povo.
“Portanto, quero, a fim de que os outros se possam entregar à contemplação, que faças ofício de porteiro, de esmoleiro e de cozinheiro.
“E quando os outros irmãos comerem, comerás fora da porta do convento, de sorte que os que chegarem ao convento, antes de baterem, os satisfaças com algumas boas palavras de Deus.
“De sorte que não haja necessidade de outra pessoa ir à porta a não ser tu: e isto o faças pelo merecimento da santa obediência”.
Então Frei Masseo tirou o capuz e inclinou a cabeça, e humildemente recebeu e executou esta obediência durante alguns dias, desempenhando os ditos ofícios.
Pelo que os companheiros, como homens iluminados por Deus, começaram a sentir no coração grande remorso, ao considerarem que Frei Masseo era homem de grande perfeição como eles ou mais, e sobre ele estava posto todo o peso do convento e não sobre eles.
Por este motivo encheram-se todos de igual coragem e foram pedir ao pai santo que consentisse em distribuir com eles aqueles ofícios.
Pois as suas consciências por coisa nenhuma podiam sofrer que Frei Masseo suportasse tantas fadigas.
Ouvindo isto, São Francisco cedeu ao pedido deles e consentiu em seus desejos e, chamando Frei Masseo, disse-lhe:
– “Frei Masseo, os teus companheiros querem compartir dos ofícios que te dei; e portanto quero que os ditos ofícios sejam divididos”.
Disse Frei Masseo com grande humildade e paciência:
– “Pai, o que me impões, em tudo ou em parte, considero feito por Deus”.
Então São Francisco, vendo a caridade dos outros e a humildade de Frei Masseo, fez- lhes uma prática maravilhosa sobre a santa humildade, ensinando-lhes que quanto maiores forem os dons e graças que Deus nos der, mais devemos ser humildes: porque sem a humildade nenhuma virtude é aceita por Deus.
E, feita a prédica, São Francisco distribuiu os ofícios com grandíssima caridade.
Em louvor de Cristo. Amém.
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Sinto-me profundamente edificada pelas histórias da vida do Poverello.
ResponderExcluirNesse mundo onde o orgulho desmedido é exaltado e a violência tida como se fosse coragem e nobre sentimento, é necessário aprender a virtude da humildade e da mansidão.
Louvado seja Deus pelo exemplo de São Francisco e dos outros santos frades.
Gostei muito da história de Tentúgal que não conhecia. Parabéns. Mando-lhe abaixo uma outra bonita história que também vale a pena ser lembrada. Ela é particularmente curiosa pela sua antiguidade. A serem verdadeiros, os fatos narrados teriam ocorrido no ano 711. A vila portuguesa de Basto deve à coragem de D. Hermínio de Romarigues o seu nome.
ResponderExcluir"Segundo a lenda, o Basto foi um guerreiro lusitano de nome Hermínio de Romarigues que defendeu o Mosteiro de S. Miguel de Refojos contra os mouros. Diz-se que o império Visigodo não resistiu aos ataques dos mouros, comandados por Tarik. Estes avançaram “ávidos de glória”, pela Galiza. Os ecos dos seus ataques chegaram ao Mosteiro de São Miguel de Refojos, mas não mereceram crédito. Brácara Augusta caiu também nas suas mãos. Estes prepararam-se para a defesa com um conjunto de servos e homens de armas comandados por D.Gelmiro, abade do Mosteiro. Hermínio de Romarigues era o guerreiro-monge que mais se destacava de entre todos os guerreiros. Situado junto à ponte que dava acesso ao mosteiro, ao aproximar-se das tropas de Tarik, estendeu a mão e disse:“Até ali, por S.Miguel, até aqui basto eu!”. E bastou! Três vezes enfrentou os mouros contra os débeis defesas do Mosteiro, mas, três vezes foram repelidos pela espada de Hermínio de Romarigues. A ponte sobre a ribeira ficou atulhada de corpos e os chefes infiéis tiveram de tratar com D.Gelmiro de igual para igual. A suposta intenção de “derrubarem” o Mosteiro e decapitarem os monges não resultou. Hermínio de Romarigues, “O Basto”, foi imortalizado através da estátua que elegeram em sua homenagem, como reconhecimento pelos serviços prestados a El-Rei Pelágio."
Bonito!
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