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| São Nicolau ressuscita um jovem, Ambrogio Lorenzetti. |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
QUANDO O SENHOR quis chamá-lo a Si, ele pediu-Lhe que lhe mandasse os seus anjos.
Então, inclinou a cabeça, viu os anjos que se dirigiram a ele, e logo se deitou no chão, munindo-se com o crucifixo e, dizendo o Salmo “Em Ti, Senhor, esperei ...” até “nas tuas mãos”, e entregou o espírito, no ano do Senhor de 343, enquanto se ouvia a melodia dos coros celestes.
Foi sepultado num sepulcro de mármore; da cabeceira brotava uma fonte de azeite e dos pés uma fonte de água; e, até hoje, tem emanado dos seus membros um óleo sagrado que restituiu a saúde a muitos.
Sucedeu-lhe um homem bom que, por invejas, foi deposto da sua cátedra; desde que foi deposto, o azeite deixou de correr, voltando a fluir logo que para ela voltou a ser chamado.
Passado muito tempo, os turcos destruíram Mira, mas quarenta e dois soldados de Bari foram lá com quatro monges que lhes mostraram o túmulo de São Nicolau; abriram-no e levaram com toda a reverência os seus ossos, que nadavam em azeite, para a cidade de Bari, no ano do Senhor de 1087.
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| São Nicolau o bispo inflexível, modelo de Justiça e Caridade. |
Um homem pediu emprestado a um judeu certa soma de dinheiro,
Jurando sobre o altar de São Nicolau, por não poder ter fiador, que lha devolveria tão depressa pudesse.
Como já tinha o dinheiro havia muito tempo, o judeu pediu-lho; mas apenas prometia que lhe havia de devolver.
Citou-o por isso perante o juiz que obrigou o devedor a jurar.
Levara ele um bastão oco que enchera com o ouro miúdo, pois precisava dele para se apoiar.
Querendo prestar o juramento entregou o bastão ao judeu para que o segurasse; e jurou que já lhe tinha dado mais do que lhe devia.
Feito o juramento, pediu o bastão e o judeu deu-lho, porque não sabia da astúcia,
Mas, quando o que fizera a fraude regressava, ao passar numa encruzilhada adormeceu, perturbado; um carro que passava velozmente matou-o e partiu o bastão cheio de ouro e o ouro espalhou-se.
Quando o judeu ouviu isto, foi ao local para verificar o dolo e muitos lhe sugeriram que recolhesse o dinheiro; porém, ele recusou em absoluto, a não ser que o defunto voltasse à vida, por intercessão de São Nicolau, afirmando que receberia o batismo e se faria cristão.
Como, de imediato, o defunto ressuscitou, o judeu foi batizado em nome de Cristo,
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| São Nicolau amou os inocentes porque foi modelo de inocência |
‒ Olha, Nicolau! Entrego-te todos os meus bens para que mos guardes; e, se o não fizeres castigar-te-ei com pancadas e chicotadas.
Ora, uma vez, enquanto estava ausente, os ladrões chegaram, roubaram tudo deixando apenas a imagem. Quando o judeu regressou, vendo-se espoliado, falou à imagem com estas ou semelhantes palavras:
‒ Senhor Nicolau, não te pus na minha casa para que guardasses os meus bens dos ladrões? Porque o não quiseste fazer e não os defendeste dos ladrões? Por isso, receberás tormentos horríveis e pagarás pelos ladrões; assim, compensar-te-ei com os teus tormentos e arrefecerei o meu furor com pancadas e chicotadas.
Agarrou na imagem, bateu-lhe e chicoteou-a terrivelmente. Foi uma coisa espantosa.
Entretanto, o Santo de Deus, como se estivesse realmente a apanhar as chicotadas, apareceu aos ladrões que estavam a dividir o roubo e disse-lhes estas ou semelhantes palavras:
‒ Porque sou tão terrivelmente chicoteado em vez de vós? E por que razão, tão cruelmente espancado? Eis como o meu corpo está lívido e como fica vermelho do sangue derramado!
Ponde-vos já a caminho e devolvei tudo o que tirastes, senão a ira de Deus onipotente enfurecer-se-á tanto contra vós que o vosso crime será conhecido por todos e cada um de vós será enforcado.
‒ Quem és tu que dizes tais coisas? ‒ perguntaram eles?
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| São Nicolau, catedral de Burgos (Espanha) |
Aterrados, os ladrões foram ter com o judeu, contaram-lhe o milagre e ouviram dele o que tinha feito à imagem, devolveram tudo quanto haviam roubado e voltaram ao caminho da retidão enquanto o judeu abraçava a fé do Salvador.
UM HOMEM, por amor de um filho que andava a aprender a ler, celebrava a festa de São Nicolau solenemente todos os anos.
Uma vez, o pai preparou um festim para o rapaz e convidou muitos clérigos.
O diabo chegou à porta vestido de peregrino, pedindo esmola; imediatamente, o pai disse ao filho que desse uma esmola ao peregrino.
O rapaz apressou-se; mas, como não o encontrou, foi atrás dele.
Quando chegou a uma encruzilhada, o diabo apanhou o rapaz e estrangulou-o.
Quando o pai soube, chorou copiosamente, tomou o corpo, colocou-o na cama e, no auge da sua dor, começou a clamar dizendo:
‒ Filho muito querido, que te aconteceu? São Nicolau é esta a paga da veneração que durante tanto tempo vos dediquei?
Dizendo estas e outras palavras, logo o rapaz, como se acordasse de um sono, abriu os olhos e ressuscitou.
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| São Nicolau, alegria das crianças. |
O filho nasceu, chegou à idade de ir à igreja e o pai mandou fazer uma taça, mas, como ela lhe agradou muito, destinou-a ao seu uso pessoal e mandou fazer outra igual.
Depois, indo a navegar para a igreja de São Nicolau, o pai mandou ao filho que lhe levasse água na taça que mandara fazer primeiro; mas, quando o rapaz queria tomar água na taça, caiu ao mar e logo desapareceu.
Apesar disso, o pai foi cumprir o seu voto, mesmo chorando amargamente.
Depois, chegou junto do altar de São Nicolau e quando estava a oferecer a segunda taça, ela caiu do altar como que projetada.
Ergueu-a e pô-la de novo sobre o altar; mas foi de novo projetada para longe do altar; ergueu-a novamente sobre o altar e, pela terceira vez, a pousou, mas também, pela terceira vez, foi projetada ainda para mais longe.
Estando todos admirados com tão grande acontecimento, eis que chegou o rapaz, são e salvo, levando a primeira taça nas mãos e contou diante de todos que, quando caiu ao mar, logo São Nicolau chegou e o conservara ileso.
E, assim, o pai cheio de contentamento ofereceu ambas as taças a São Nicolau.
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| Túmulo de São Nicolau em Bari, Itália. |
Depois, construiu em sua casa uma capela dedicada ao Santo de Deus e todos os anos celebrava solenemente a sua festa. Aquele lugar estava situado junto da terra dos agarenos.
Uma vez, Adeodato foi capturado por agarenos e levado como escravo do seu rei.
No ano seguinte, quando o pai celebrava devotamente a festa de São Nicolau e o rapaz servia o rei segurando uma taça, lembrou-se da sua captura, das dores dos pais e da alegria que naquele dia havia na sua casa, e começou a soluçar mais alto.
Quando o rei, com ameaças, lhe arrancou a causa dos soluços, disse-lhe:
‒ Faça o que fizer o teu Nicolau, aqui ficarás conosco para sempre.
De repente, um fortíssimo vento abanou a casa e o rapaz foi arrebatado com a taça e colocado à porta da igreja onde seus pais celebravam a solenidade, tendo-se gerado em todos uma grande alegria.
Com todo, lê-se noutro lugar que o referido jovem saiu a pé da Normandia, e foi até ao outro lado do mar, sendo capturado por um sultão perante o qual era muitas vezes espancado.
No dia de São Nicolau, tendo sido espancado e atirado para um calabouço, chorava; mas, entretanto adormecera, cansado das pancadas, sonhando com a alegria que naquele dia costumava sentir. Quando acordou, estava na capela do pai.
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