Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Quem tem pecado muito e teme por sua salvação, que ouça uma lenda alemã adequada.
Um pobre desterrado retornava à pátria após 30 anos de ausência.
Os padecimentos haviam-no encanecido, e o haviam tornado irreconhecível.
À entrada do lugar, topou uns companheiros de sua juventude e estendeu-lhes a mão para saudá-los.
Mas eles recusaram o cumprimento, pois não o reconheceram.
O desterrado foi adiante e viu um irmão seu, com quem havia trabalhado, comido e dormido.
Chamou-o, mas o outro não o reconheceu e o fitou com desprezo.
Pobre desterrado! Entrementes era insultado pela garotada, e mantido debaixo do olho da polícia. Dando mais uns passos, viu à sacada sua irmã.
Gritou a ela, com afeição:
— Minha irmã!
Mas também ela o não reconheceu, e lhe virou as costas.
Finalmente, desanimado e humilhado, chegou à casa paterna. Uma velha vestida de luto estava sentada perto da porta. Era sua mãe.
— Ao menos esta reconhecer-me-á — dizia o infeliz.
Aproximou-se dela. A mulher fitou o forasteiro e o reconheceu logo.
— Oh! o meu filho! — exclamou enternecida. Mãe e filho se apertaram num longo abraço.
Eis o que faz a mãe afetuosa. E é o que faz Maria com os pecadores.
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