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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Um elemento essencial da vida medieval foi a pregação.
Nessa época, pregar não era monologar em termos escolhidos perante um auditório silencioso e convencido.
Pregava-se um pouco por todo lado, não apenas nas igrejas, mas também nos mercados, nos campos de feira, no cruzamento das estradas; e de modo muito vivo, cheio de calor e de ímpeto.
O pregador dirigia-se ao auditório, respondia às suas perguntas, admitia mesmo as suas contradições, os seus rumores, as suas invectivas.

O papel didático dos clérigos era então imenso.
Eram eles que ensinavam aos fiéis a sua história e as suas lendas, a sua ciência e a sua fé.
Eles também comunicavam os grandes acontecimentos, transmitiam de uma ponta à outra da Europa a notícia da tomada de Jerusalém, ou a da perda de Saint-Jean d’Acre.
Eles aconselhavam uns e guiavam outros, mesmo nos seus negócios profanos.
Nos nossos dias são prejudicados nos seus estudos e na vida aqueles que não têm memória visual, a qual no entanto é mais rara, de exercício mais automático e menos racional que a memória auditiva.
Na Idade Média a pessoa instruía-se escutando, e a palavra era de ouro.
Se a expressão “cultura latente” teve sentido alguma vez, foi na Idade Média.
Toda a gente tem então um conhecimento pelo menos corrente do latim falado e articula o cantochão, que supõe senão a ciência, pelo menos o uso da acentuação.
Toda a gente possui uma cultura mitológica e lendária.

Nos romances de mester publicados por Thomas Deloney, vemos os tecelões citar nas suas canções Ulisses e Penélope, Ariana e Teseu.
Os vitrais têm sido chamados “a Bíblia dos iletrados”, porque neles os mais ignorantes decifravam sem esforço histórias que lhes eram familiares.
Realizavam assim, com toda a simplicidade, esse trabalho de interpretação que tanta canseira dá aos arqueólogos na época atual.
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