Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O Frei João do Alverne, porque perfeitamente havia renunciado a todo deleite e consolação mundana e temporal, e em Deus havia posto todo o seu deleite e toda a sua esperança, a divina bondade lhe dera maravilhosas consolações e revelações, especialmente nas solenidades de Cristo.
Pelo que, aproximando-se uma vez a solenidade da Natividade de Cristo, na qual esperava de certo consolação pela doce humanidade de Jesus, o Espírito Santo pôs-lhe na alma tão grande e excessivo amor e fervor da caridade de Cristo, pela qual ele se tinha humilhado, tomando a nossa humanidade, que verdadeiramente lhe parecia ter sido tirada sua alma ao corpo e arder como uma fornalha.
O qual ardor não podendo suportar se agoniava e se derretia inteiramente e gritava em altas vozes; porque, pelo ímpeto do Espírito Santo e pelo excessivo fervor do amor, ele não se podia conter de gritar.
E na hora em que aquele desmesurado fervor lhe vinha, com ele lhe vinha tão forte e certa a esperança de sua salvação, que por nada deste mundo acreditara que se então morresse devesse passar pelas penas do purgatório.
E aquele amor lhe durou bem um meio ano, ainda que aquele excessivo fervor não fosse continuado, mas lhe viesse em certas horas do dia.
E naquele tempo e depois recebeu maravilhosas e muitas visitas e consolações de Deus.
E muitas vezes foi arrebatado, como viu aquele frade o qual primeiramente escreveu estas coisas.
Entre as quais, uma noite ficou tão enlevado e arrebatado em Deus que viu nele, Criador, todas as coisas criadas e celestiais e terrenas com todas as suas perfeições e graus e ordens distintas.
E então conheceu claramente como cada coisa criada representava o seu Criador, e como Deus está sobre e dentro e fora e ao lado de todas as coisas criadas.
E conheceu depois um Deus em três pessoas e três pessoas em um Deus, e a infinita caridade a qual fez o filho de Deus se encarnar, por obediência ao Pai.
E finalmente conheceu naquela visão como não há outra via pela qual a alma possa ir a Deus e ter a vida eterna, senão pelo Cristo bendito, o qual é caminho, verdade e vida da alma. Amém.
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Passei por aqui e gostei do que li
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crisma2012matao.blogspot.com.br
Os Fioretti de São Francisco são sempre cheios de encanto religioso e espiritual.Proporciona, a quem lê, um doce enlevo da alma.Esse conto de Frei João do Alverne se apresenta como uma verdadeira catequese,confirmando,para nós,algumas importantes verdades da Fé.Que Deus nos conceda um coração e inteligência humildes e simples para sabermos apreciar,devidamente e com piedade,escritos como esse.
ResponderExcluirAqui em Vila Velha/ES, tem a tradicional e antiga Ordem dos Frades Menores (OFM) franciscanos, ao lado da novíssima ordem O Caminho, ainda em vias de aprovação de estatuto eclesiástico, mas também de carisma e túnica franciscana. Estes últimos são mais abertos ao misticismo semelhante ao do conto. Assisti lá um belo culto racional aberto ao público em seu convento perto na minha casa, aí de repente, para minha surpresa, alguns manifestaram êxtases e glossolalia. A ordem franciscana é rica em diversidade.
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